As celulas de manufatura fazem parte da essência do Lean Manufacturing. Consistem em um arranjo físico de máquinas ou recursos cuja sequência é exatamente igual às etapas produtivas, reduzindo ou zerando estoques intermediários e o transporte de materiais em processo. Seu layout por essência requer o mínimo espaço possível e as etapas produtivas dentro da célula devem respeitar um determinado tempo de ciclo, para se encaixar a um ritmo produtivo, ou takt time estipulado.
Uma célula como esta é organizada para a fabricação de um único produto, ou uma família de produtos cujas etapas produtivas são iguais, e cujas diferenças em tempo de ciclo sejam baixas ou nulas. Normalmente os lotes de produção são unitários, ou em quantidades pequenas, e arranjo mais comum quando falamos em celulas é em forma de “U”.
Vamos usar o diagrama do vídeo como exemplo. Imagine que esta seja uma célula de manufatura de uma fábrica de talheres. Cada máquina executa um processo diferente que recebe a faca e realiza diversas etapas de fabricação. São elas:
– Laminação 1;
– Laminação 2;
– Recorte do Cabo;
– Recorte da Faca;
– Serrilha;

Diversas facas passam por aqui, e todas seguem esta sequência produtiva. Garfos e colheres possuem suas próprias células de manufatura.
Nesta célula cada etapa possui seu tempo unitário, e o tempo de ciclo é a soma de todas as etapas. Se temos uma necessidade de fabricação determinada, podemos ter uma pessoa operando em toda a célula, e se porventura precisarmos aumentar o ritmo por motivo de aumento de demanda, podemos inserir um segundo operador que assumirá algumas das etapas de maneira balanceada dentro desta célula. Ou seja, o tempo de ciclo acabou de ser reduzido em cerca de 50%, pois agora temos duas pessoas com distribuição de atividade igual (ou próxima de igual). O importante de se notar é que a necessidade de mudança de ritmo de produção não alterou os equipamentos, mas a distribuição de tarefas entre as pessoas, e consequentemente o número de pessoas no processo produtivo dentro desta célula, e também no resto da fábrica, que precisa mudar seu ritmo na mesma proporção.
Muitas vezes temos sequências de células de manufatura. Cada operador ou grupo de operadores deve conseguir observar os trabalhos dos outros e se comunicar com eles, para saber se está saindo do ritmo estabelecido. Cada integrante da célula deve saber qual seu papel no todo e ter sob controle exatamente o status de sua célula, saber se está se atrasando ou se está prejudicando de alguma maneira a produção das outras células.
Os ganhos na implantação desta configuração de trabalho são muito representativos, pois o ritmo de produção vai ditar as ações dos operadores, e não teremos movimentações de material entre os processos produtivos e nem estoques intermediários, o que representa dinheiro parado. Dentre os grandes ganhos deste arranjo fabril, citamos principalmente:
– Redução de transporte e Estoques Intermediários (por essência nesta configuração);
– Redução drástica do lead-time de fabricação (pois eliminamos a fila de itens entre etapas);
– Redução de Setup (pois na célula os itens não variam, ou variam muito pouco);
– Menor número de operadores (pois os processos serão mais racionalizados, melhor distribuídos);
– Aumento de produtividade da mão-de-obra (pois os processos são balanceados por homem/hora);
Esperamos que o material tenha colaborado no seu entendimento do que são células de manufatura, no próximo vídeo iremos explicar os diferentes tipos de layout e os pontos positivos e negativos de cada arranjo.
Abraços