Em um post recente, tratamos do arranjo de Célula de Manufatura mais comum, o mesmo usado no Sistema Toyota de Produção. A este modelo damos o nome de Célula de Manufatura por Produto com Predominância de Máquina. Ou seja, cada etapa dentro da célula é um equipamento que está à disposição do funcionário, que se locomove entre etapas. Porém existem outros arranjos também muito bons e bastante utilizados no Lean Manufacturing.

Outro modelo também muito comum é a Célula de Manufatura por Produto com Predominância de Homem. Nesta configuração o trabalho não é em uma máquina, mas é mais voltado a trabalhos manuais, como processos de lixa, montagens, testes, entre outros. Este modelo pode contar com diversos funcionários dentro da mesma célula, e se avaliarmos a taxa de utilização média da mão-de-obra, a tendência é que tenhamos uma ociosidade maior a cada pessoa adicional na célula, porque é muito difício conseguirmos balancear perfeitamente as atividades de cada um, sempre haverá um processo que é um pouco mais rápido que outro.

Outro modelo bastante comum é a Célula de Manufatura por Processo. Neste o conceito da célula de manufatura é entendido de uma maneira bem diferente. O foco neste modelo é utilizar mais do tempo da mão-de-obra na operação de equipamentos. Este modelo possui como grande vantagem a facilidade na implantação pelo fato de não necessitar de mão-de-obra flexível, que opere com diferentes equipamentos, e aumenta muito a utilização de maquinário e mão-de-obra.

Vamos supor que temos um setor produtivo com centros de usinagem que realizam automaticamente o trabalho uma vez programados. Em alguns momentos o operador precisa estar atuando em conjunto com a máquina para editar e ativar o programa de usinagem, abastecer ou desabastecer o equipamento ou executar limpezas, mas em uma boa fatia do tempo produtivo a máquina está operando sozinha. Com o objetivo de se aproveitar melhor do tempo do operador, este passa a também operar outro centro de usinagem. Aqui as peças sendo fabricadas podem ser muito diferentes, o importante é que seu processo produtivo exija uma quantidade de tempo do operador que permita a ele dar assistência às duas máquinas.

Para que esta configuração de trabalho traga resultados, é necessário que os produtos que estão sendo processados ao mesmo tempo não tenham grandes variações de ciclo entre si, pois o operador terá de atuar em duas máquinas concomitantemente e a quantidade de atenção necessária demandada do operador não pode superar seu tempo disponível. Ou seja, se ambos os produtos possuem ciclos rápidos e o operador tenha de interagir entre espaços pequenos de tempo, a tendência é que tenhamos paradas de máquina aguardando esta pessoa. Pode ser interessante neste caso criar grupos de produtos que possam ser processados ao mesmo tempo nas células de maneira que o trabalho do operador fique mais balanceado. De maneira geral o objetivo é que trabalhemos para conquistar o mínimo de paradas tanto de máquina quanto de mão-de-obra, o que inevitavelmente acaba acontecendo nesta configuração. Mas mesmo assim, se compararmos com a Célula por Produto com predominância de máquina, teremos muito menos tempo parado de máquina de qualquer maneira.

Esta configuração de trabalho não é utilizada no Sistema Toyota de Produção, pois entendem que este modelo aumenta os estoques intermediários e dificulta o balanceamento das diferentes etapas produtivas.

Existem também células de manufatura que mesclam os arranjos por processo e por produto. São usadas nas situações em que temos equipamentos automáticos que exigem a atenção do operador eventualmente, e outros processos manuais antes e depois deste. Um bom exemplo é uma injetora que libera peças plásticas por ciclo, e entre os intervalos de ciclo o operador rebarba as peças, inspeciona e embala.

Bom pessoal, espero ter contribuído com vosso entendimento sobre este tema, e se vocês gostaram deste vídeo curtam aí embaixo e se inscrevam no nosso canal!