Neste artigo, longe de querer trazer as monótonas dicas genéricas e simplistas para você, eu quero discorrer um pouco sobre o que efetivamente é necessário para ser fazer um bom planejamento de produção. Uma programação que efetivamente enxergue aquilo que será importante para a empresa.

Vou dividir as informações em pequenos pontos objetivos, vamos a eles.

  1. Informação para trabalhar

Para ter uma chance de fazer uma boa programação, você precisa saber os tempos de processo, as capacidades dos equipamentos e pessoas, as rotas de produção, as variáveis de setup e trocas ao longo do processo produtivo, e a carteira de pedidos. Sem tudo isso de forma clara, não dá nem para começar.

Quando falo de tempo de processo e capacidades, não precisa necessariamente ter o detalhe por produto e por recurso, mas se você tem uma boa visão de capacidade em peças por hora, lotes por dia, ou qualquer outra unidade de medida naquele determinado processo, já ajuda bastante.

Conhecer as rotas de produção também é fundamental. Muitas vezes, a produção precisa ser programada de forma diferente, com uma lógica específica para aquele “trecho” da produção. Por exemplo, uma programação de corte de peças de madeira de lotes diferentes, que precisam ser cortados em conjunto, mas serão usados em momentos diferentes nos processos seguintes.

Sobre as variáveis de setup, em quase todos os processos que vi, dependendo da sequência de produção, o acerto da máquina poderia ser simples ou bem oneroso. Um bom PCP sabe a melhor sequência, a melhor forma de cadenciar a produção para se aproveitar de melhores trocas. Isso faz uma diferença violenta no resultado, no chão de fábrica.

E por fim, a carteira. As quantidades de cada produto necessárias, a data que estas precisam estar prontas, para qual cliente é. Independentemente de você fabricar para estoque ou diretamente sobre um pedido, você tem que saber o que é necessário fabricar e para quando.

  1. Prioridade

Este ponto é menos simples do que você imagina. O que sua empresa prioriza? Pedidos por ordem de chegada? Nível de serviço em reposição de estoque? Atendimento de clientes em diferentes categorias de importância? Sua empresa pode priorizar manter as máquinas com a maior carga possível, independente se você eventualmente passa pedidos menos prioritários na frente dos atrasados, porque desta forma você carrega melhor os recursos produtivos.

Aqui não tem certo ou errado, o errado é não ter isso claro. Defina quais são as prioridades, se existe categorias diferentes de clientes (como aqueles mais estratégicos ou que cobrem multa por atraso), e se você abriria mão de uma produtividade melhor em troca de buscar respeitar o prazo de entrega combinado. Tudo isso deve estar claro para a equipe de PCP, para a fábrica e para os envolvidos.

  1. Defina bem os ciclos de programação.

Você pode programar a fábrica todo dia, toda semana, ou em outro formato de ciclo. É necessário parametrizar bem a transição entre estes ciclos. Aquilo que não foi fabricado de acordo com a programação, como entrará na programação seguinte, se é que entrará? Como mesclamos as necessidades diretas de clientes com a fabricação para estoque? Estas são algumas de diversas considerações a serem feitas, que obviamente são muito particulares a cada indústria.

Uma dica interessante neste tópico é a de não “esquecer” uma programação que não tenha sido atendida. Caso haja pendências e a nova programação estiver sendo divulgada, deixe claro nesta nova programação o que deveria ter ficado pronto antes. Outra opção é iniciar esta nova programação apenas após a conclusão da anterior, o que demonstrará o atraso da operação na transição tardia.

Existem inúmeros outros pontos interessantes para falarmos quando o assunto é programação industrial, e que certamente serão abordados nos próximos materiais.

Espero que estas dicas lhe ajudem em seu trabalho, e lhe tornem um profissional cada vez mais completo.

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